Mãe!!!!! Sou HeforShe. Feliz Dia das Mães!
A dura realidade dos fatos
O terceiro relatório anual da TEAM LEWIS Foundation, HeForShe IWD, cujos dados foram colhidos em 2023, traz informações relevantes sobre os comportamentos sexistas nos espaços on-line, como salas de games, e no mercado de trabalho das áreas nomeadas pela sigla STEM (science, technology, engineering, mathematics).
Apesar das mulheres representarem quase 40% da força de trabalho mundial, elas continuam a enfrentar barreiras importantes, simplesmente por serem mulheres.
Por exemplo, no sector da tecnologia, apenas 5% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres.
Os Desafios Sistêmicos colapsam quotidianamente a vida profissional e pessoal das mulheres. Basta ser mulher para ser negligenciada e subvalorizada quando se compara o tratamento que elas recebem com aquele outorgado aos seus colegas homens.
Outra riqueza desta pesquisa é o sentimento de responsabilidade, ou não, das pessoas com respeito a serem críticas ou se calarem quando testemunham uma discriminação contra as mulheres nas áreas de STEM e nos espaços on-line.
Praticamente metade das 6003 pessoas entrevistadas em 9 países concorda que ainda temos comentários sexistas nos espaços on-line. Por exemplo, 35% dos homens dizem ser testemunhas destes comportamentos e 27% das mulheres reconhecem que foram submetidas a estes comportamentos.
São comportamentos estigmatizados e preconceituosos que trazem um sentimento de exclusão e que explicam o fato de que as mulheres com idades compreendidas entre os 18 e os 24 anos estejam mais relutantes em considerar uma carreira em STEM. Mais da metade delas reconhece que existe um estigma em torno das mulheres neste mercado de trabalho. E, 35% delas não se sentem confortáveis nos espaços on-line predominados pelos homens. Um terço das pessoas respondentes já testemunharam, quase todos os dias ou ao menos algumas vezes por semana, críticas a aparência das mulheres, e comentários humilhantes ou sexualizados endereçados a elas.
É triste descobrir que as mulheres jovens se sentem proporcionalmente excluídas de uma carreira neste mercado de trabalho. As profissões das áreas de STEM são consideradas como “as profissões do futuro”. Por esta razão, é fundamental nos inteirarmos dos acontecimentos e sentimentos com respeito às questões de gênero neste mercado de trabalho. Precisamos agir para promover uma mudança favorável a inclusão das mulheres.
Quando falamos de responsabilidade, é interessante constatar que mais de 70% das pessoas respondentes acreditam que é importante tomar uma posição contra comentários e comportamentos sexistas nos espaços on-line.
Mas, apenas 52% das mulheres e 56% dos homens denunciam os comportamentos machistas.
Mulheres (42%) e homens (29%) deixam de abordar o sexismo nestes espaços devido ao receio de retaliação. Um terço dos homens dizem que não se sentem à vontade para abordar o sexismo nos espaços on-line. Eles dizem não terem uma resposta adequada, outros não acreditam que sua voz teria algum valor.
Quando trabalhamos com gestão de cultura conhecemos a importância das pessoas influenciadoras para contagiar outras e acelerar o caminhar na direção da evolução desejada.
Carolina Videira diz que “o medo é contagiante, e a coragem também!
Para que o mundo seja o que queremos precisamos basear nossas escolhas na coragem. O medo, não nos leva para nenhum lugar conectado com nossa alma.
Sem escolhermos a coragem, parece difícil romper com este círculo vicioso e perverso que vivemos. As poucas mulheres que se lançam nestas áreas STEM e se arriscam nos espaços on-line, trazem experiências negativas de discriminação e humilhação que associadas à ausência de representatividade, a Síndrome da Patinha Feia, estão limitando o número de mulheres que escolhem fazer carreira em STEM.
Se estas são as profissões do futuro e deixarmos este círculo vicioso continuar seu caminho perverso, imaginem o retrocesso que teremos na nossa representatividade nos empregos com maior reconhecimento e remuneração. Lembrem-se, no mercado de trabalho sempre estivemos. Nossa causa é aumentar a representatividade das mulheres nos empregos de melhor remuneração, e lá onde tomam-se as decisões que definem o rumo da sociedade. Precisamos também valorizar os trabalhos associados ao cuidado, postos ocupados, desde sempre e majoritariamente, pelas mulheres.
Movimento HeforShe (eles por elas)
Para que os homens entendam que suas críticas a este fenômeno sexista são importantes e têm valor, eles precisam se dar o direito de conhecer mais sobre os Desafios Sistêmicos. O meu livro “vamos voar juntas?” é também destinado aos homens. Capacitação é fundamental na gestão de cultura. Ela abre os espaços necessários às escolhas conscientes.
Em 2014, a ONU Mulheres lançou o movimento HeforShe para que homens e meninos sejam solidários na promoção da igualdade gênero. É uma forma de incentivar os homens a se identificarem com a causa e reconhecerem o papel fundamental que eles podem desempenhar para acabar com esta desigualdade enfrentada quotidianamente por mulheres e meninas.
Vale lembrar que ser “he for she” é estar ao nosso lado. Isto é bem diferente de assumir o papel do “príncipe salvador” que vai resolver a questão no nosso lugar. Esta seria uma atitude machista que perpetuaria a desigualdade que é fruto de uma hierarquização estrutural entre os gêneros.
Justamente, sair do machismo é deixar de perpetuar a dinâmica de que a mulher precisa de um homem parar resolver seus problemas. Por sinal, a história que nos contam desde criança, é completamente equivocada. No final, é a mulher que exerce a função de apoiar os homens e cuidar deles a vida toda.
Precisamos dos homens pensando com a gente, do nosso lado, saindo do androcentrismo que reforça o domínio de um gênero sobre o outro, e compartilhando o poder.
Precisamos que se responsabilizem sobre o quanto sua ausência no combate ao machismo é responsável pelos preconceitos e humilhações que as mulheres da sua vida podem sofrer, e aos quais certamente serão submetidas em algum momento da sua vida.
O que precisamos é justamente de homens que ajam, por exemplo, contra o sexismo presente nas organizações. Aqueles comportamentos que acontecem diante dos seus olhos ou que são relatados pelas suas colegas. Por exemplo, mansplaining, manterrupting, broprianting tão frequentes em reuniões. Vejam o vídeo do Porta dos Fundos sobre este assunto, ele é educativo, não é para rir não. Por sinal, eu tenho uma visão complementar a deles sobre mulheres machistas. Concordo que elas não podem ser chamadas de machistas, e ao mesmo tempo precisamos conscientizá-las sobre o fato delas também terem comportamentos machistas. Precisam se responsabilizar e fazer sua parte. Por exemplo, deixarem de julgar mulheres como Mariana Ferrer, responsabilizarem os juízes e advogados machistas e condenarem os estupradores.
Queremos ver os homens optando pela coragem em vez de continuar tapando o sol com a peneira por coleguismo.
Apesar da investigação da TEAM LEWIS Foundation colocar o foco nas áreas específicas do STEM e nos espaços on-line, as respostas obtidas servem para uma reflexão e um questionamento individual sobre nossas ações quotidianas. Sim, elas podem mudar o mundo.
E Isto tudo também é sobre você homem. É um convite para refletir sobre sua atitude interna e comportamentos com respeito ao machismo.
Você escolhe perpetuar o machismo e se cala quando presencia situações de discriminação com respeito à alguma mulher?
Você está convidando colegas machistas e mulheres com comportamentos machistas a reverem estes comportamentos?
Você escolhe corajosamente contribuir com uma evolução nas relações entre os gêneros para que possamos viver a igualdade de oportunidades e direitos entre os sexos?
O Dia das Mães está chegando, reflita: qual o melhor presente para ela?
Fiquei feliz com um ponto identificado nesta pesquisa da TEAM LEWIS, ele me motivou a escrever este texto: existe uma tendência que leva os homens a acreditarem na importância de sua voz. E, consequentemente, se disporem a tomar medidas para combaterem o machismo. Mais da metade dos homens disseram que se sentem à vontade para denunciar, aos superiores ou aos recursos humanos, o sexismo no local de trabalho.
E a cereja do bolo? Eles também querem receber educação sobre o tema. Trinta e oito por cento (38%) afirmam que mais educação sobre como falar contra a discriminação de género no local de trabalho os ajudaria a serem melhores combatentes ao sexismo. E, a contribuírem com um acolhimento genuíno das mulheres nas áreas de STEM. Vamos voar Juntas? E, em conjunto!
Nunca me apropriei da maternidade romântica, nem do altar da santa que tem instinto materno que vem do além. Muito menos da ilusão de poder concedida pela crença de que sou a única indispensável para as crianças e para a família. Muito pelo contrário, eu abracei a maternidade como uma relação que se constrói, por exemplo criando um vínculo amoroso eterno ao brincar com minha filha quando era criança.
Abracei a revisão de mim mesma na adolescência dela para ver o mundo a partir dos seus olhos. Abracei sua vida adulta disposta a aprender a respeitar seu espaço e suas escolhas, amando-a de forme incondicional. Aprendi que seu amor também é incondicional e que não preciso ser uma mãe perfeita. Aprendi ao longo destes 33 anos que precisamos de qualidade na relação e isto se constrói todo o dia, pois ambas evoluímos a cada dia.
Por isto, eu não quero nenhum presente e nenhum cartão, nem mensagem que me coloque neste lugar de santa e doadora universal.
Sou uma mulher inteligente e o melhor presente para uma mulher inteligente é o apoio do seu marido, parceiro, companheiro para viver sua inteligência integralmente e ser quem ela quiser. É ver seus filhos combatendo o sexismo que nos afeta, assim como as suas irmãs, se tiverem.
Quero uma vida leve para mim e para todas as mulheres. Principalmente para minha filha. Amo ser mãe da Saskia. Sim, ela sempre foi minha prioridade. E, nunca me impediu de ser quem eu quero e construir minha vida profissional como executiva e empreendedora.
Eu quero como presente de Dia das Mães para cada mulher que fez a escolha de ser mãe, a escuta ativa dos homens.
Queridos colegas, amigos, afilhados, sobrinhos, todos, abram espaço para sentir as necessidades das suas mulheres com o mesmo carinho e cuidado que suas mães tiverem com vocês. E, se suas mães não atuaram com todo este carinho e amor, abram espaço para perdoá-las em vez de descontarem nas outras mulheres os medos que esta relação pode ter causado. Lembrem-se, não existe liberdade sem perdão.
Cada pessoa precisa fazer a sua parte. Claro que com este pedido, não estou isentando a responsabilidade das mulheres. Como é Dia das Mães, foco nos homens. Atenção maridos que compram presente para suas crianças oferecerem para suas esposas!
Se cada homem que eu ouço dizer que acredita na importância da igualdade de gênero assumir sua parte de responsabilidade para estudar o tema e colocar sua voz para defender a igualdade de gênero, tenho certeza que vamos reduzir rapidamente os 131 anos necessários que foram anunciados no Global Gender Gap report de 2023 do WEF.
Por favor, estudem o tema. Evitem agir só com boa vontade. Ações de impacto exigem conhecimento.
Assim, o grande presente que peço para este Dia das Mães, é a colaboração mais ativa dos homens na construção de um mundo melhor para as mulheres. Um mundo no qual, as filhas de hoje, possam saber que se fizerem a escolha da maternidade, podem também escolher uma carreira, sem precisar enfrentar humilhações que acabam com o seu bem-estar.
E, se escolherem como carreira cuidar da família, que sejam corretamente remuneradas para evitar problemas financeiros no futuro.
Aproveito para trazer a frase de conclusão do Fabio Barbosa na Roda Viva Governança do Fórum ESG 2024 na Amcham do dia 22/04:
“Se cada pessoa fizer a sua parte a gente evolui para um país mais justo”.
Pare de recriminar as outras pessoas, ofereça-se para apoiar o aprendizado da outra pessoa. A minha parte eu faço oferecendo conteúdos no meu blog e soluções em gestão de cultura com foco no desenvolvimento de atitudes que favorecem os comportamentos que promovem a Igualdade de Gênero.
Não podemos cometer nem tolerar “pequenos” atos de discriminação. De nada serve culparmos as outras pessoas. A igualdade de gênero é a coisa certa a ser valorizada. Fazendo a coisa certa contagiamos e influenciamos outras pessoas pela nossa coragem.
👉 O melhor presente de Dia das Mães é você ser HeforShe ❤️
👉 Ficarei bem feliz em contribuir com você nesta reflexão. Vamos conversar? Uma mentoria sobre o tema, com certeza, além de melhorar sua contribuição pessoal, vai te motivar a trabalhar a cultura organizacional para promover atitudes e comportamentos que levam a igualdade entre os gêneros ❤️
E ainda citando Fabio Barbosa, “O executivo não maximiza o resultado de um ano, ele pereniza os resultados da organização. Coisas que eram aceitáveis, não são mais.”
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Abraços soternos e fraternos, até semana que vem!
Sobre Vera Regina Meinhard
Sou Vera Regina Meinhard, amo conectar pessoas para promover a consciência sobre a importância da inclusão da diversidade no alcance do sucesso sustentável, em especial a igualdade de gênero. Mestra em Sustentabilidade & Governança, sou criativa, inovadora, realizadora de sonhos e mãe da Saskia.
Meu propósito é contribuir com o desenvolvimento das pessoas. Após 25 anos como executiva do Groupe Renault France, desde 2013, por meio de diferentes abordagens, coloco-me integralmente à disposição deste propósito atuando na sociedade como escritora e empreendedora para trazer soluções em desenvolvimento humano: Consultoria em Gestão de Cultura Organizacional voltada para ESG e Inclusão da Diversidade, Facilitação de workshops, Mentoria Individual e Coletiva, Palestras, Treinamentos e Coaching.
