Contextualizando e Desmistificando “boas práticas”

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Contextualizando e Desmistificando “boas práticas”

Contextualizando e Desmistificando “boas práticas”

Por que decidi falar de boas práticas?

Porque fui convidada para participar de uma iniciativa proposta e liderada pelo meu querido colega Rafael Avila, conselheiro do IBESG e CEO do Sustentabilidade Agora.  Esta nova ferramenta do IBESG, o IBESG TALKS, tem como objetivo divulgar boas práticas de sustentabilidade. Assim, para mim, se tornou algo essencial contextualizar a questão.

Contextualizando e Desmistificando “boas práticas”

Contexto e Boas Práticas

Eu fico incomodada quando ouço a palavra boas práticas, isolada, ou melhor, sem a presença de outra que é fundamental: contexto. Algo que ouço com certa frequência.

Verifiquei o que traz de pronto o ChatGPT, ele conceituou boas práticas “como um conjunto de métodos, técnicas, procedimentos ou diretrizes reconhecidos como eficazes e benéficos em uma determinada área de atuação. Essas práticas são geralmente desenvolvidas com base em experiências passadas, conhecimento acumulado e padrões estabelecidos, visando alcançar resultados positivos e consistentes”. Inclusive, ele lembra que as boas práticas podem ser adaptadas e evoluídas ao longo do tempo com base em novas descobertas, tecnologias emergentes e mudanças nas necessidades e demandas da sociedade.

Em resumo, seguir boas práticas é visto como um passo fundamental para promover a excelência, minimizar riscos, garantir a conformidade e alcançar resultados consistentes e satisfatórios em diferentes áreas de atuação.

Para mim o fundamental, quando se trata de “boas práticas” é, antes de tudo, entender que ela depende do contexto em que será aplicada. Se deixamos de avaliar a situação da organização, mesmo se o setor e a questão são as mesmas, ela pode não trazer nenhum resultado, e mesmo prejudicar o alcance dos resultados coletivos, pois espera-se obter algo com uma ação que no nosso contexto vai ter efeito nulo.

Vou trazer um exemplo em uma das minhas áreas de atuação, gestão de cultura e igualdade de gênero.

Uma das boas práticas sugeridas, frequentemente, para mitigar os vieses de gênero nas primeiras fases do recrutamento, é a utilização do chamado blind CV (Curriculim Vitae as cegas). Qual poderia ser o problema da utilização desta prática sem contextualização? Posso citar pelo menos duas:

  • A primeira delas, o fluxo de recrutamento: esperar ter um resultado de maior inserção de mulheres com um blind CV em um contexto no qual a empresa não está em fase de recrutamento e tem baixo turnover, significa esperar um resultado que não vai chegar nunca.
  • A segundo, problema de competência ao longo do processo: caso a organização esteja realmente em fase de recrutamento e não tenha alguém que realmente conhece os vieses de gênero e como eles atuam nas organizações, a aplicação pode deixar muito a desejar. Para replicar uma boa prática, é preciso uma pessoa especializada na questão. Por exemplo, já vi casos nos quais retiraram o nome e a foto, e deixaram os artigos que identificavam o sexo. É essencial utilizar linguagem neutra, e a generalização pelo masculino é diferente de linguagem inclusiva e neutra. Imaginem todas as possibilidades que existem em um CV abrindo a porta para que o sexo da pessoa candidata possa ser identificado. E o artigo é apenas uma das questões neste processo.

Por sinal, na minha dissertação de mestrado, tem uma lista com mais de 50 “Práticas identificadas” na empresa do setor metalúrgico na qual realizei meu estudo de caso (quadro 8, páginas 111 a 114).

Eu organizei esta lista de práticas de acordo com os sete princípios do WEPs (Women’s Empowerment Principles – ONU). Por sinal, a questão das boas práticas e das ações afirmativas me levaram a escrever em 2022 um artigo para a revista HSM, Mulheres na liderança: qual a evolução das premiadas Ouro e Prata no WEPs Brasil?. Fui avaliadora nas edições do prêmio WEPs do Brasil em 2016 e 2019.

Contextualizando e Desmistificando “boas práticas”

Percebem? Eu não chamei de “boas práticas”,  e sim de “práticas identificadas”. Estas práticas só serão boas em função do contexto em que serão replicadas. E, isto envolve muitas questões, como uma delas citada acima, a competência das pessoas que realizarão a aplicação da prática.

Enfim, as boas práticas

Nosso IBESG TALKS é o #2. Claro, aproveitamos o mês de março para trazer um assunto que faz parte da minha jornada “a igualdade de gênero”. Tema que compartilho no IBESG com minha querida colega, também conselheira, Marcela Brey. Por sinal, estamos programando  as atividades do núcleo de Gênero e Diversidade para propor para vocês muita troca de experiências. Fica de olho, logo, logo, no site do IBESG anunciaremos novidades.

Durante nosso IBESG TALKS, acabei saindo dos limites que me havia imposto com respeito às “boas práticas”, e descobri que sim, posso avançar algumas para quem quer se lançar na jornada cultural para promover a igualdade de gênero. Sem antecipar o conteúdo do nosso IBESG TALKS #2, e para concluir esta explanação, vou trazer algumas boas práticas:

  • Que tal começar realizando o diagnóstico da sua organização? Sem você conhecer o nível do sexismo que permeia a mente e o coração das pessoas da sua organização fica difícil traçar o propósito da jornada, os objetivos e desenhar um percurso. Eu preconizo um diagnóstico com uma pesquisa quantitativa sobre os Desafios Sistêmicos. Assim, você pode medir o retorno dos seus investimentos.
  • Quer trabalhar o tema da igualdade de gênero na sua organização? Busque estudar antes de iniciar, assim, você pode evitar a implementação de ações afirmativas que perpetuam o tema. No meu livro “vamos voar juntas?” eu trago para você este conhecimento, com muita bibliografia de pesquisadores e pesquisadoras, associando tudo à exemplos práticos dos meus 25 anos de carreira como executiva.
  • Trabalhe, também, seu autoconhecimento para entender como se engaja com o tema da igualdade de gênero e o que te motiva a entrar nesta jornada. Assim, você vai entender a necessidade de, além de capacitar as pessoas, criar meio para engajá-las.

Finalmente, tem o “Flip it to tes it” que aprendi na INSEAD. Quer saber o que é? Vem ver e ouvir 🎯 O IBESG Talks #2 apresentado pelo Rafael Avila, no qual ele conversa comigo e Marcela Brey sobre igualdade de gênero

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Aproveito para convidar você para conhecer o IBESG – https://ibesg.org.br/ e se tornar membra ou membro.

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Espero que o texto de hoje seja motivador e inspire você para ver e ouvir nosso IBESGTALKS #2: A igualdade de gênero ainda é um sonho?.

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Aproveito para convidar você para ouvir também o IBESG Talks #1 – Boas práticas para criar um ecossistema ESG forte – com a Fernanda Dutra e Juliana Torres, idealizadoras do IBESG.

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Até semana que vem!

VAMOS VOAR JUNTAS?

Texto original: https://meinhardconnecting.com/coaching-e-jornada-profissional/

Sobre Vera Regina Meinhard

Sou Vera Regina Meinhard, amo conectar pessoas para promover a consciência sobre a importância da inclusão da diversidade no alcance do sucesso sustentável, em especial a igualdade de gênero. Mestra em Sustentabilidade & Governança, sou criativa, inovadora, realizadora de sonhos e mãe da Saskia.

Meu propósito é contribuir com o desenvolvimento das pessoas. Após 25 anos como executiva do Groupe Renault France, desde 2013, por meio de diferentes abordagens, coloco-me integralmente à disposição deste propósito atuando na sociedade como escritora e empreendedora para trazer soluções em desenvolvimento humano: Consultoria em Gestão de Cultura Organizacional voltada para ESG e Inclusão da Diversidade, Facilitação de workshops, Mentoria Individual e Coletiva, Palestras, Treinamentos e Coaching.

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