Vamos investir dez minutos de leitura e conhecer os resultados do relatório de 2023 sobre o Global Gender Gap?

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Vamos investir dez minutos de leitura e conhecer os resultados do relatório de 2023 sobre o Global Gender Gap?

Vamos investir dez minutos de leitura e conhecer os resultados do relatório de 2023 sobre o Global Gender Gap?

Sabemos que o movimento do Pacto Global pela sustentabilidade está intimamente ligado com a igualdade de gênero.

Falar de ESG, significa olhar para o ODS número 5 do Pacto Global (Igualdade de Gênero). Este é um dos 17 objetivos da agenda 2015-2030. Por esta razão, este é um assunto que se tornou objeto de pesquisas, é necessário agir e medir o avanço.

Em junho deste ano de 2023 o Fórum Econômico Mundial publicou a 17ª edição do Global Gender Gap Report . Esta pesquisa foi criada em 2006 para medir, em escala de 0 a 100, a distância percorrida em direção à paridade de gênero em quatro dimensões-chave: Empoderamento Político, Participação Econômica e Oportunidade, Nível de Educação, Saúde e Sobrevivência.

Para termos uma real visão do quão frágil é esta movimentação na direção da igualdade de gênero, é necessário olhar para os dados destes relatórios de forma temporal. Se deixamos de olhar para os detalhes dos dados obtidos nesta pesquisa, até podemos acreditar que a evolução avança de vento em poupa. E, a verdade é que ainda falta muito vento para sairmos do lugar.

Como me disse um colega em uma roda de conversas: “Vera, vejo você no alto de uma montanha jogando pedrinhas no mar, elas são miudinhas e fazem uma marolinha. Espero que de pedrinha em pedrinha você consiga fazer uma grande onda”.

Na realidade, somos muitas jogando pedrinhas. Ainda muito poucos em posições de poder. E, entre outros e outras, alguns pais que entenderam que suas filhas merecem a igualdade de gênero. Afinal, para outros homens elas são mulheres e serão tratadas como todas as outras. Assim, vamos fazendo nossas ondinhas, cada uma e cada um com sua fé e coragem.

Precisamos que estas “pedrinhas da igualdade” toquem mais corações para que muito mais pessoas saiam da apatia e decidam trabalhar pela igualdade.

Como podemos ver no quadro abaixo, para retroceder é preciso pouca coisa.

Em um suspiro, o ritmo de evolução de 2021 acrescentou mais 36 anos para atingirmos a igualdade de gênero. Os dois últimos anos foram insuficientes para ganhar estes 36 anos perdidos em 2021.

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É importante entender que, mesmo se avançamos na redução da desigualdade (%), os anos são calculados em função do ritmo da redução desta desigualdade.

Para agir em prol da igualdade de gênero é preciso estudar um mínimo sobre os “Desafios Sistêmicos” e assim entender que estamos falando de gestão de cultura. A hierarquização das relações de gênero nos permeia há séculos. No quesito mundo do trabalho foi muito reforçada pela Revolução Industrial: papai vai trabalhar, é provedor, e mamãe cuida da casa, das crianças e do papai, menino veste azul, não chora, é assertivo e direciona, menina veste rosa, chora, é frágil e cuida.

 

No meu livro “Vamos voar juntas?” trago, além de estudos acadêmicos, exemplos práticos sobre como estas relações de etnocentrismo entre os sexos e seus “Desafios Sistêmicos” impactam a carreira das mulheres, e consequentemente suas vidas no quesito econômico e bem-estar. Os vieses oriundos do fato de, ainda, se considerar que os atributos masculinos pertencem ao sexo homem e são um padrão superior ao feminino atribuído às mulheres, nos rouba oportunidades que nossos colegas homens têm naturalmente.

Tudo isto, simplesmente, porque ainda se acredita que os comportamentos masculinos e femininos são ligados ao sexo biológico, em vez de se olhar para a ciência e aprender que comportamentos são sociais, aprendidos quotidianamente, na família, nas escolas, na mídia, no trabalho, entre outros.

As organizações podem contribuir muito com a redução destes 131 anos ainda necessários para se atingir a igualdade. Para isto, precisam de gestão de cultura organizacional. Vieses demandam investimento em workshops de conhecimento com oportunidade de autoconhecimento, só assim as pessoas podem se sentir motivadas para agir e substituir comportamentos sexistas por comportamentos de igualdade.

Vale lembrar que, para a igualdade no Empoderamento Político, em 2022 precisávamos de 155 anos. Em 2023 a nova pesquisa demonstra que retrocedemos, vamos precisar de 162 anos.

E, para a igualdade no quesito Participação Econômica e Oportunidade, em 2022 precisávamos de 151 anos, agora são 169 anos.

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Trabalhar a questão numérica, com inserção de mulheres para ter paridade em quantidade, está longe de ser a solução.

Repito: precisamos trabalhar a cultura organizacional. Sem que as pessoas adultas evoluam, nossas crianças continuam sendo educadas por pessoas sexistas. Tanto na família como nas escolas. E, a mídia com impacto significativo nesta manutenção. Convido vocês a prestarem atenção nas fotos dos livros escolares, nos diálogos dos cursos de línguas, e nas mensagens subliminares dos filmes.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, o Brasil registrou 96,5 milhões de pessoas ocupadas no trimestre encerrado em abril. Destas, 35,2 milhões trabalham sob o regime CLT.

Se as organizações se ocuparem da igualdade de gênero por meio da Gestão da Cultura, as pessoas colaboradoras podem ser multiplicadoras do saber, e provocar a evolução das pessoas com quem convive no seu ambiente pessoal.

Vale lembrar, que as mulheres também são permeadas pelo sexismo, são educadas dentro do mesmo sistema binário e etnocentrista. Elas também são responsáveis pela evolução, precisam aprender sobre os “Desafios Sistêmicos”, trabalhar seu autoconhecimento e agir em prol da igualdade de gênero.

Para quem tiver a curiosidade sobre o ranking dos países, segue uma tabela comparativa dos resultados da pesquisa nos últimos dois anos.

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No que diz respeito aos cargos de liderança, mundialmente, nos últimos oito anos, a proporção de mulheres contratadas aumentava cerca de 1% / ano. A participação das mulheres chegou a atingir 32% no Q3 de 2021. Infelizmente, estamos em uma tendência que se inverteu em 2022, trazendo a taxa de 2023 de volta aos níveis de 2021, entre 28% e 29%.

Outro ponto que chama a atenção é o Gender Gap nos mercados do futuro STEM, aquele das profissões de ciência, tecnologia, engenharia e matemática que oferecem empregos mais bem remunerados e devem crescer em importância e alcance no futuro.

As mulheres continuam significativamente sub-representadas. Elas  representam 49,3% do emprego total em profissões não STEM, e apenas 29,2% no mercado das profissões STEM.

Verdade que a porcentagem de mulheres graduadas em STEM e ingressando neste mercado de trabalho está aumentando. Mas, os números mostram que a retenção das mulheres neste mercado um ano após a formatura registra uma queda significativa.

Em 2017, entre as pessoas que se formaram, 35,5% eram mulheres. Um ano após a formatura, só 29,6% das pessoas empregadas neste mercado eram mulheres, uma queda de 5,9 pontos percentuais.

Em 2021, as mulheres representavam 38,5% das pessoas graduadas, um ano após a formatura elas eram só 31,6% desta força de trabalho, uma queda de 6,9 pontos percentuais.

E o Brasil? Abaixo alguns dados.

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Precisamos de todas e todos que acreditam na igualdade de gênero agindo para que ela se torne uma realidade.

Fico à disposição de todas e todos vocês para conversar sobre tudo que esta jornada implica e contribuir com a gestão de cultura das suas organizações.

Espero que este resumo desperte sua curiosidade para conhecer mais sobre os “Desafios Sistêmicos” e motivação para  entrar em ação!

Abraços

Sobre Vera Regina Meinhard

Sou Vera Regina Meinhard, amo conectar pessoas para promover a consciência sobre a importância da inclusão da diversidade no alcance do sucesso sustentável, em especial a igualdade de gênero. Mestra em Sustentabilidade & Governança, sou criativa, inovadora, realizadora de sonhos e mãe da Saskia. Meu propósito é contribuir com o desenvolvimento das pessoas.

Após 25 anos como executiva do Groupe Renault France, desde 2013, por meio de diferentes abordagens, coloco-me integralmente à disposição deste propósito atuando na sociedade como escritora e empreendedora para trazer soluções em desenvolvimento humano: Consultoria em Gestão de Cultura Organizacional voltada para ESG e Inclusão da Diversidade, Facilitação de workshops, Mentoria Individual e Coletiva, Palestras, Treinamentos e Coaching.

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