Revelando mulheres inteligentes e corajosas, o cinema age em prol de uma sociedade mais igualitária
A influência do cinema na construção dos estereótipos e expectativas com respeito aos gêneros.
As mídias em geral, como por exemplo, rádio, jornal, revista, internet, publicidade, televisão, cinema e serviços de streaming são uma ferramenta de comunicação em massa e exercem uma influência muito forte sobre a cultura. E, consequentemente sobre a cultura que permeia as relações entre homens e mulheres. Inclusive, em gestão de cultura, utilizamos tanto a comunicação como a publicidade das organizações para influenciar positivamente a evolução destas relações e promover mais igualdade de oportunidades e direitos para as mulheres no mercado de trabalho.
O cinema, faz sonhar, é diversão, e é uma das formas de expressão artística que ao contar estórias e retratar biografias distribui mensagens que moldam atitudes, estereótipos e expectativas sociais. Por isto, o cinema é uma peça fundamental nas mensagens subliminares que perpetuam as relações hierarquizadas entre homens e mulheres.
Desde o início do cinema, em 1895, quando os irmãos Lumière projetaram um filme pela primeira vez, em um café em Paris, os filmes vem reproduzindo estereótipos tradicionais, reforçando papéis de gênero com a mulher ocupando a esfera doméstica e dependente do homem. Enquanto isto, ele é apresentado vivendo na esfera pública, trabalhando e com o perfil previsto para ocupar as funções de poder.
A maneira como as personagens se comportam nos filmes influencia de forma significativa e subliminar a expetativa que as pessoas criam sobre como as relações devem acontecer entre mulheres e homens, e sobre como devem se comportar.
Ao explorar esta dinâmica social, os filmes passam, ainda, e majoritariamente, mensagens com os estereótipos que expressam relações em que o masculino é melhor e superior ao feminino, confirmando o que disse Simone de Beauvoir, sobre a mulher ser o segundo sexo, alguém em oposição ao homem. Em consequência, ao ser identificada como “o outro”, a mulher perda a identidade social e pessoal. E o cinema reproduziu, e ainda reproduz esta dinâmica.
Jornada cinematográfica, um meio para desconstruir estereótipos e narrativas sobre o que significa “ser mulher”
Precisamos nos capacitar participando de workshops sobre o tema para podermos promover e exercer uma análise crítica das representações cinematográficas e contribuir com a construção de uma sociedade mais igualitária e inclusiva.
Para influenciar a percepção das pessoas sobre esta massificação que determina os papéis na sociedade em função do sexo, é preciso despertar curiosidade sobre as razões que nos levam a reagir “assim ou assado” em certas situações. Como diz Goleman no seu livro Subliminar, precisamos entender as motivações de nossas decisões e comportamentos e entender nossos sentimentos e suas origens.
Isto exige de cada mulher, e de cada homem, um esforço importante de conscientização. É necessário sair de uma visão simplista da realidade social e trabalhar na desconstrução dos estereótipos de subordinação de gênero que impedem a paridade de participação. A questão de gênero é uma jornada com objetivo preciso. É importante lembrar que o Pacto Global, ao definir o ODS n°5 (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável), visa, além do alcance da igualdade de gênero, contribuir com o alcance de mais justiça e igualdade social.
Precisamos de um cinema que mostre estruturas de relacionamento desconstruindo os estereótipos das relações hierarquizadas entre homens e mulheres. Precisamos de filmes que propiciem espaço para a construção de uma identidade pessoal na qual cada uma e cada um viva dentro de suas próprias ambições com reconhecimento social. Precisamos de filmes que retratem as mulheres como seres humanos capazes de viverem uma vida independente e digna. Os estereótipos machistas sobre o “ser mulher” interferem na construção das nossas carreiras.
Filmes para provocar sua visão sobre o lugar da mulher
O cinema tem o poder de desafiar e subverter as normas de gênero. Filmes que apresentam narrativas não convencionais e personagens que quebram estereótipos contribuem para uma maior conscientização e questionamento das normas tradicionais. Essas narrativas podem inspirar uma evolução na forma como as relações de gênero são percebidas e vivenciadas.
Precisamos dar mais atenção aos filmes que desempenham este papel central na formação de uma nova mentalidade coletiva.
Vamos aproveitar o mês de março e conhecer mais sobre mulheres fantásticas?
Nas linhas abaixo, destacamos alguns filmes que oferecem uma visão perspicaz e provocativa sobre as relações de gênero hierarquizadas. Convidamos vocês, espectadoras e expectadores, a refletirem, por meio destes filmes, sobre as normas sociais e as estruturas de poder que criam as desigualdades de gênero.
Escolhemos 10 filmes para trazer biografias de mulheres inteligentes e corajosas. Este é um movimento recente no cinema. Estamos mais habituadas e habituados a ver filmes biográficos de homens geniais. Nestes filmes que indicamos abaixo é possível observar a luta individual de 12 mulheres que, certamente de forma inconsciente, sem conhecimento do fenômeno coletivo do machismo, se superaram para vencer os desafios sistêmicos e exercerem suas escolhas profissionais.
- Estrelas Além do Tempo – Título original Hidden Figures (2017): biografia de Katherine Johnson e Mary Jackson, matemáticas e engenharias espaciais da NASA, e de Dorothy Vaughn, matemática e informática da NASA.
Você sabia que elas contribuíram de forma significativa para levar um ser humano para a lua?
- Suprema – Título original On the Basis of Sex (2019): biografia de Ruth Bader Ginsburg, juíza nomeada para o Supremo Tribunal no ano de 1993 pelo presidente Bill Clinton.
- RADIOACTIVE (2020): biografia de Marie Curie, física e química que descobriu os elementos radioativos
- Tenente Kargil – Título original Gunjan Saxena (2020): biografia da Tenente Gunjan Saxena, primeira mulher, em 1999, a pilotar um avião de combate, na Índia, em uma zona de combate.
- Antônia, uma sinfonia – Título original Dirigent (2018): biografia de Antônia Brico a primeira mulher a conduzir, com sucesso, uma grande orquestra em Nova York em 1930.
Você sabia que um levantamento feito com orquestras americanas mostrou que a relação é de uma maestrina para cada 21 maestros?
- Amelia (2010): biografia da aviadora Amelia Earhart.
Você sabia que a primeira pessoa a tentar dar a volta ao mundo foi uma mulher em 1937?
- Mary Shelley (2018): biografia da autora do livro Frankenstein.
Você imaginava que este livro que originou tantos filmes foi escrito por uma mulher?
- A jovem rainha – Título original The Girl King (2016): biografia de Kristina Augusta (Estocolmo, 1626 – Roma, 1689) – rainha da Suécia de 1632 até à sua abdicação em 1654.
- Grandes Olhos – Título original Big Eyes (2015): biografia de Margaret Keane, pintora e defensora das causas feministas.
Típico caso de bropriating! Conhece?
- Rainha do Deserto – Título original Queen of the Desert (2015): biografia de Gertrude Margaret Lowthian Bell, escritora britânica, viajante, política, administradora e arqueóloga que explorou, mapeou e se tornou altamente influente na política do Império Britânico na Grande Síria, Mesopotâmia, Ásia Menor e Arábia participando da criação dos estados da Jordânia e do Iraque.
Também escolhemos mais 4 filmes para trazer biografias de mulheres fantásticas que lutaram pelos direitos de todas as mulheres.
- As Sufragistas Título originalSuffragette (2015): Este filme é inspirado no movimento sufragista do final do século XIX e início do XX, na Inglaterra, retrata a vida das mulheres que lutaram pelo voto na Inglaterra.
- Mulheres Divinas – Título original Die göttliche Ordnung (2017): biografia da jovem Nora que vive em uma pequena aldeia na Suíça nos anos 1971 que lutou pelo direito de voto das mulheres na suíça.
Você sabia que na Suíça as mulheres só adquiram o direito ao voto em 1971?
- Mulheres ao Poder – Título original Misbehaviour (2021): História verídica da interrupção do concurso de Miss Mundo, em 1970, pelo crescente Movimento de Libertação das Mulheres.
- As Vidas de Glória – Título original The Glorias (2020): Este filme retrata a vida de Gloria Steinem, ativista feminista.
Escolhemos mais 2 filmes para trazer biografias de mulheres corajosas e determinadas que abriram o caminho para as denúncias de abusos sexuais.
- O Escândalo – Título original Bombshell (2020), drama biográfico, retrata denúncias de mulheres que trabalharam na Fox News sobre assédio sexual do CEO Roger Ailes.
- She Said (2022): Um filme sobre o caso Harvey Weinstein e, sobretudo, homenagem ao jornalismo investigativo e às mulheres que tiveram a coragem de falar.
Não podíamos deixar de recomendar 2 séries que retratam o machismo de forma inegável e demonstram a superação das mulheres para serem sua melhor versão.
- A Vida e a História de Madam C.J. Walker (2020): biografia de C. J. Walker, pioneira e magnata dos cuidados com os cabelos negros que se tornou a primeira milionária americana.
- Coisa Mais Linda (2019): romance que retrata a situação das mulheres nos anos 60 no que diz respeito aos direitos civis e preconceitos.
👉 Espero que este discurso seja motivador e inspire vocês a assistirem estes filmes ❤️
Até semana que vem!
Sobre Vera Regina Meinhard
Sou Vera Regina Meinhard, amo conectar pessoas para promover a consciência sobre a importância da inclusão da diversidade no alcance do sucesso sustentável, em especial a igualdade de gênero. Mestra em Sustentabilidade & Governança, sou criativa, inovadora, realizadora de sonhos e mãe da Saskia.
Meu propósito é contribuir com o desenvolvimento das pessoas. Após 25 anos como executiva do Groupe Renault France, desde 2013, por meio de diferentes abordagens, coloco-me integralmente à disposição deste propósito atuando na sociedade como escritora e empreendedora para trazer soluções em desenvolvimento humano: Consultoria em Gestão de Cultura Organizacional voltada para ESG e Inclusão da Diversidade, Facilitação de workshops, Mentoria Individual e Coletiva, Palestras, Treinamentos e Coaching.
