VOCÊ É IMPORTANTE! Observe-se, reconheça o RACISMO, evolua

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VOCÊ É IMPORTANTE! Observe-se, reconheça o RACISMO, evolua

Ainda recebo muitas perguntas que demonstram a existência de uma certa confusão entre “inclusão da diversidade humana” e inclusão das pessoas que pertencem aos grupos historicamente discriminados.

Diversidade humana é o fato de sermos indivíduos únicos. É por exemplo, a liderança ter um olhar diferenciado para os inúmeros perfis das pessoas que trabalham em sua equipe. Neste caso, o objetivo seria prover cada uma, por exemplo, com um tratamento segundo seus valores motivacionais para favorecer o sentimento de pertencimento e reconhecimento.

Já, as discriminações acontecem, por exemplo, pela hierarquização das relações entre os sexos, como no caso do machismo. Ou ainda, pelo etnocentrismo, como no caso do racismo. A linguagem e a legislação também podem contribuir com a discriminação.

Vamos falar de dois grupos: mulheres e pessoas pretas?

Escolho estes dois grupos, pois podemos afirmar que são a maioria da população no Brasil.

Segundo o senso de 2023, mulheres representam mais de 51% da população do Brasil e pessoas negras/pretas/pardas, mais de 55%.

Imagino que você pode estar se perguntando:

“Por que falamos de minoria quando queremos incluir mulheres e pessoas pretas? Afinal elas já representam a maioria da população brasileira”

Exatamente, é aí que mora o grande problema.

Apesar de serem maioria da população, tem minoria na representatividade que se refere aos espaços de poder de decisão.

Na esfera das organizações privadas, por exemplo, menos de 4% das empresas do Ibovespa têm mulheres CEOs ou à frente do conselho. E, segundo a pesquisa Insper/Talenses – Panorama Mulher, das 532 empresas avaliadas em 2019, apenas 13% dos cargos de CEO eram ocupados por mulheres. E, apenas 2,7 % dos cargos de Vice-presidência são ocupados por mulheres negras, quando homens presidem a empresa, e 0% quando mulheres presidem.

Para avançarmos na inclusão das mulheres negras nas esferas de poder, precisamos romper estes dois níveis de preconceito: o primeiro, que diz respeito aos vieses de gênero, e o segundo, aos preconceitos raciais.

Quero convidar você, nesta semana do Dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, para refletir comigo sobre a nossa importância nestes fenômenos.

Cada uma e cada um de nós precisa ser uma pessoa ativa e atuar para promover a evolução deste quadro.

O RECONHECIMENTO, FAÇO PARTE DO PROBLEMA

O primeiro convite, é olharmos para dentro e nos reconhecermos como pessoas machistas e racistas. Apesar de sermos pessoas educadas nesta estrutura machista e racista, ainda ouço muitas dizendo: “Eu não sou machista” ou “Eu não sou racista”.

Esta é a primeira dificuldade que encontro, frequentemente, ao conversar com as pessoas sobre temas de inclusão dos grupos minoritários nas esferas de decisão.

Para podermos trabalhar nossos vieses, com real vontade de substituir comportamentos, precisamos reconhecer que fazemos parte deste problema social. Neste caso, precisamos reconhecer nossos comportamentos machistas e racistas para repô-los por outros que promovem a igualdade de gênero e racial.

Eu trabalho estas questões de maneira profunda há mais de 10 anos. Olho para o tema de forma acadêmica e como pessoa que também foi educada dentro desta estrutura. Há muitos anos sou uma observadora de mim mesma, e ainda me pego com pensamentos machistas e racistas.

Por isto lanço a pergunta: como alguém educado nesta sociedade pode se afirmar nem machista nem racista?

Fica, assim, o convite: observe-se.

Para contribuir com sua observação e aumentar as possibilidades de você perceber as situações nas quais manifesta seu machismo ou racismo, fica a dica do Flip it to Test it. Aprendi  esta técnica em uma formação sobre inclusão da diversidade na INSEAD, uma Business School na França.

Nas observações sobre machismo, inverta o sexo e se pergunte se diria a mesma coisa para o outro sexo.

Por exemplo, você pergunta para uma mulher como ela se organiza para conciliar sua vida profissional com os cuidados e educação das crianças?

Sim? Então, pergunte-se: “eu faria a mesma questão para um homem com crianças?” Não? Neste caso, convido você a reavaliar seus comportamentos, pois este é um sinal de que ainda acredita que cuidar e educar, filhas e filhos, é uma tarefa das mulheres.

Nas observações sobre racismo, inverta a cor da pele e se pergunte se diria a mesma coisa para a pessoa com outra cor de pele.

Por exemplo, em uma conversa, você diz para uma mulher preta, que acaba de conhecer, que ela tem o ritmo na pele?

Sim? Então, pergunte-se: “eu diria a mesma coisa para uma mulher branca que acabo de conhecer?” Não? Neste caso, convido você para reavaliar seus comportamentos, pois este é um sinal de que você associa atributos comportamentais à cor da pele.

Thoughtful and smart good-looking creative male imaging, making up new idea or feeling nostalgic holding hand on chin looking into distance left, thinking about choice or decision over white wall. Copy space

MOTIVAÇÃO

Para você fazer o esforço de se observar e praticar novos comportamentos é necessário sentir que você quer fazer a diferença e participar da construção de uma sociedade mais justa para todas as pessoas. E, isto implica compartilhar os lugares de poder.

Proponho uma maneira, dentre outras. Conecte-se com alguma mulher preta que importa para você, ou que importa para alguém que você ama. Pense no quotidiano dela enfrentando todos os vieses racistas. Pense, ainda, em todas as situações em que ela precisa superar todos os desafios desta estrutura racista para chegar, se o universo colaborar, no mesmo lugar que pessoas brancas.

Olhe para seus valores motivacionais e reflita: qual deles posso nutrir ao me engajar nesta dinâmica que busca igualdade de gênero e racial?

Closeup of diverse people joining their hands

PRATICAR E SE INFORMAR

A aquisição de novos comportamentos demanda muita prática.

Lembre-se, nos descobrirmos pessoas enviesadas não é um problema. O que é triste, é você não fazer nada para mudar isto. Por isto, o engajamento é fundamental, pois vai precisar se aceitar repetindo comportamentos machistas e racistas e corrigir a cada repetição. Com a prática, você vai perceber que, em um certo momento, já consegue evitar a externalização, porque se corrige antes de fazer. Com mais prática, você vai perceber que sua evolução é interna, que já não tem mais os vieses que trabalhou de maneira assídua e disciplinada para se desapegar.

Para evoluir cada vez mais, leia sobre o tema. Quanto mais você adquirir conhecimento sobre os vieses, mais você será capaz de identificá-los. E, pratique para substitui-los, evolua em seus comportamentos, saia do machismo e do racismo, promova a igualdade.

Para se manter bem informada e bem informado, com respeito a questão do racismo, fica a dica deste livro da Djamila Ribeiro, Pequeno manual antirracista.

Com respeito às questões de gênero, recomendo meu livro, Vamos voar juntas?.

Espero que goste deste texto, e sobretudo que ele traga muitas oportunidades de reflexão e muita vontade de adotar novas práticas.

Você é importante, sua contribuição é essencial para que a igualdade de direitos e oportunidades seja uma realidade.  Vamos fazer acontecer os Direitos Humanos que  declaramos de forma universal na Assembleia Geral das Nações Unidas (resolução 217 A III) em 10 de dezembro 1948.

Excelente semana para você! Nos vemos na semana que vem!

Sobre Vera Regina Meinhard

Sou Vera Regina Meinhard, amo conectar pessoas para promover a consciência sobre a importância da inclusão da diversidade no alcance do sucesso sustentável, em especial a igualdade de gênero. Mestra em Sustentabilidade & Governança, sou criativa, inovadora, realizadora de sonhos e mãe da Saskia.

Meu propósito é contribuir com o desenvolvimento das pessoas. Após 25 anos como executiva do Groupe Renault France, desde 2013, por meio de diferentes abordagens, coloco-me integralmente à disposição deste propósito atuando na sociedade como escritora e empreendedora para trazer soluções em desenvolvimento humano: Consultoria em Gestão de Cultura Organizacional voltada para ESG e Inclusão da Diversidade, Facilitação de workshops, Mentoria Individual e Coletiva, Palestras, Treinamentos e Coaching.

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