Resiliência: Leveza? Doçura?

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Resiliência: Leveza? Doçura?

Resiliência: Leveza? Doçura?

Nos anos 80 conheci uma jovem mulher com um olhar intrigante.

Aqueles olhos diziam tanto. Enviavam, ao mesmo tempo, uma mensagem com profundidade, ternura e coragem. Questionava-me, sempre que a via: qual é sua história? Eu era muito tímida e nunca perguntei. Deduzi que ela deveria ser uma mulher com muitas aventuras, muitos altos e baixos, com diversas experiências. Sem saber, ela influenciou minha vida. Eu vivi querendo existir, me jogando em experiências lindas e variadas!

O que eu mais gostava neste olhar era ver simultaneamente fogo e calma. Era uma mulher que transmitia a dualidade integrada. Tudo nela encontrava espaço, ela era E ao invés de OU. Isso me deixou fascinada. Muitos anos mais tarde fui entender que este olhar trazia o meu significado de resiliência.

Inspirada por esta linda mulher, parti para a vida aos 20 anos querendo passar por muitas experiências, aprender a cair e levantar.

Posso dizer que me dei a oportunidade de viver muitas vidas. Levei muitos tombos e sempre levantei mais forte, com mais coragem de seguir, querendo novas experiências e utilizando meus medos como alavanca para saltar mais alto. Senti raiva, ódio, tristeza, mágoa, traição, paixão, amor. Criei vínculos e me desapeguei. Aprendi com cada tombo que é preciso tentar outra vez, com um novo olhar.

No entanto, há alguns anos, percebi e senti o que mais me atraiu naquele olhar: a leveza e a doçura!

Neste momento, entendi que eu não estava utilizando toda minha resiliência, pois permanecia criando um personagem durão, tipo caio e me levanto sem dor! Mentira.

A dor de cada tombo estava lá. Precisava aceitá-la para deixar fluir minha doçura que também estava toda ali.

Descobri isso em um curso de teatro na França, nas improvisações com uma atriz sueca que não cansava de me dizer que meu olhar transmitia muita ternura: “tu est tellement douce”! Depois disso, a minha barreira caiu!

Resiliência é justamente cair e levantar, passar pelos tormentos da vida sem perder a ternura de ser. Como na dança, nos movimentos que nos levam ao solo, temos que ter força em cada músculo para levantar e leveza na alma para ressurgir nas pontas dos dedos com toda a leveza de ser!

E você, como sente a resiliência?

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